Antes de seguir lendo este post, clique aqui e veja mais esta matéria sobre o ponto eletrônico nos hospitais públicos.
Parece-me que a matéria se encaixa na atual campanha pela melhoria dos serviços públicos no Brasil e os descalabros que a matéria retrata demonstram que efetivamente existem casos (é impossível medir quantos a partir da matéria) onde a relação de emprego é interpretada tanto pelo empregador como pelo empregado de forma um tanto heterodoxa.
Mas a matéria também serve para uma reflexão sobre alguns outros fatores importantes:
Se o controle de ponto fosse realizado numa catraca e num ambiente com entradas e saídas controladas, a possibilidade de abuso seria dificultada, pois o médico deixaria registrado o tempo de permanência no ambiente de trabalho. Da forma livre como o registro é feito, realmente tudo é possível.
Um sistema de CFTV, associando a imagem de quem fez o registro também ajudaria muito.
A Portaria 1510 proíbe a marcação de ponto na catraca. Mas ela permite que a empresa tenha um controle de acesso independente do controle de ponto e postado antes que o funcionário tenha acesso ao relógio de ponto em sua entrada (e depois em sua saída).
Este sistema de acesso pode bloquear os funcionários pelos mais variados critérios, inclusive por critérios relacionados ao ponto (como, impedir a saída sem prévia marcação de ponto, impedir a entrada em períodos não pré-estabelecidos, etc.).
Em post de janeiro de 2011 (link aqui) este blog alertou para o fato que a proibição da marcação do ponto nas catracas ia facilitar a ação dos funcionários fantasmas. E parece que o blog estava certo.
Contudo, é fundamental entender que a tecnologia (qualquer uma delas) só entrega os resultados almejados quando colocada ao serviço de uma administração comprometida com a qualidade. Sem uma boa gestão a tecnologia, por mais sofisticada que seja, não resolve os problemas.
Não obstante sermos desenvolvedores de tecnologia da maior qualidade e de efetividade comprovada por dezenas de milhares de usuários em 30 anos, sabemos que um bom choque de gestão e de moralização nas relações trabalhistas resolveria estas situações de forma mais efetiva e menos custosa do que a sofisticação dos controles.
Ou seja, a combinação do controle de ponto com o controle de acesso com o CFTV ajudaria muito. Mas apenas se a empresa contar com uma gestão comprometida com os bons procedimentos e com a justiça.
